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Vazios de silêncio em minha alma desalinharam as compreensões das falas que outrora deixei de ouvir simplesmente porque não as julguei essenciais.Reinaldo Bressani 3ab56

Acintoso desrespeito motivado por pretensiosa soberba da imponderação e, explicitamente, pela falta de modéstia tão própria de uma conduta presunçosa que se contrapõe perniciosamente à harmonia, ao entendimento, e às belezas das idéias trazidas no bojo das sutilidades de suas entrelinhas.

E, em razão disso. Daquela minha incapacidade de ouvir. De ouvir analisando os meandros das falas, ainda que simplórias à primeira vista. Superadas até. Isso, é claro, em decorrência da minha afoiteza, além de uma desarrazoada atitude frente àqueles que me confidenciavam seus pensamentos, suas ideias, suas razões.

A minha soberba fez com que eu, não só deixasse de entendê-los, mas, pior, fez com que eu perdesse amizades preciosas.

O tempo ensinou-me que a interlocução requer equilíbrio e, acima de tudo, atenção. Muita atenção, seguida de uma análise isenta, ponderada, sem a arrogância do “isso não tem o menor fundamento” ou “isso não é novidade para mim”.

Interlocução requer a sabedoria do “saber ouvir”. Ouvir prestando atenção de fato. Ouvir mergulhado no silêncio da ponderação, afastando a prepotência e seus malefícios consequentes.

Creiam, sempre haverá novas luzes brilhando na vastidão dos céus e no campo do imponderável, que, por certo irão iluminar caminhos novos e também novas soluções.

Despir-nos da vaidade do pensar que tudo sabemos é primordial a fim de que possamos conciliar idéias e ideais. É meio de suavizarmos relacionamentos, interagindo-nos harmoniosamente com nossos semelhantes, sejam eles amigos, parceiros ou subordinados.

É a única forma de granjearmos respeito, admiração, afetos e amizades sólidas.

Enfim, é gesto com aromas sutis, que faz aflorar sorrisos e nutrir o viço da empatia.

É gesto de grandeza da alma, que nos eleva como seres humanos.

Portanto, quando alguém nos dirigir a palavra, antes de tirarmos conclusões afoitas e quase sempre desrespeitosas e ofensivas pela forma como inevitavelmente são colocadas dentro desse contexto, mister se faz que mergulhemos no silêncio necessário à compreensão dos sentidos eventualmente entremeados à sua mensagem. Isto, a fim de que, ao final, bem analisado o conteúdo trazido nas entrelinhas e, subentendido seu real teor, possamos contrapor assertivas melhor ponderadas, ou mesmo, concordarmos com ele.

Saber ouvir é da essência dos sábios. E, porque não, a atitude que mais ilustra a alma humana, vez que, é condição essencial à harmonia dos homens, dos povos, e de toda a humanidade.

Assim, devemos ouvir! Ouvir sempre! Bem mais do que falamos, pois, isso traz harmonia e, harmonia é a própria essência da felicidade.

Afinal, todos nós queremos ser felizes.

 

Reinaldo Bressani - Cadeira nº 15 da ACL