Homenagem ao dia dos professores - Luiz Eduardo Pesce Arruda
Quem é você?
Que, em um dia distante, resolveu abraçar esse desafio?
O que o impulsionou? O que o moveu?
Dinheiro? Poder? Glória? Fama? Talvez aplausos?
Deixe-me tentar entender…
Porque você, terminado o expediente, não consegue se desligar
E vibra com suas vitórias, chora por suas perdas,
Tenta abrir caminhos que possam levar suas crianças à distante fronteira do conhecimento?
E porque, mesmo dormindo, você fica inventando fórmulas de para tornar mais compreensíveis temas tão complexos?
Porque você promete que um mal justo se abaterá sobre elas, se não estudarem o suficiente? Ou se não lavarem as mãos com água e sabão?
E porque você fica tão orgulhoso, ou tão orgulhosa, quando um deles se supera e chega lá?
Porque você chora quando os olhos de suas crianças brilham, sinal inequívoco de que romperam a barreira, aprenderam e querem saber mais?
Porque você improvisa e inventa com amor, para transformar papel e tinta em obras de arte?
Porque você insurge quando elas são vitimizadas, espancadas, estupradas, abusadas, fazendo do problema delas um problema seu?
Porque você fica além do expediente, perde seu horário de lanche ou dispensa almoçar somente para escutar, dar conforto, uma palavra de carinho e esperança àquela criança que, no ano que vem, dizem que não terá mais vínculo com você?
Porque você põe dinheiro do bolso para que seus alunos comprem um caderno, ou suas alunas comprem um pacote de absorvente?
Porque você, sem ser profissional de saúde, ensina suas crianças noções de higiene e vida saudável, e percebe antes de qualquer outra pessoa o menor sinal de que a saúde delas não anda bem?
Porque você faz com que suas crianças descubram a diversidade, convivam com respeito com crianças diferentes delas próprias e adotem uma cultura de paz?
Porque você não respeita o determinismo da miséria e da exclusão, insistindo em respeitar crianças despossuídas, incutindo nelas esperança, despertando-lhes sonhos de superação e de grandeza?
Porque você provoca as mentes das crianças, fazendo-as desejar romper com os estreitos horizontes da fome e da pobreza em que vivem – e as incentiva a conhecer o mundo e romper a barreira do bom e do belo?
Porque você, de vez em quando, fala em mudar de profissão, em se aposentar, mas volta a sentir uma vibração adolescente cada vez que se defronta com sua turminha do barulho?
Porque você, não sendo pai ou mãe deles e delas, as protege com sua própria vida?
Eu os conheço, pelo nome: Aristóteles, Jean-Jaques, Maria, Martinho, João Bosco, Anisio, Celestin, Fröbel, Illich, Jean, Johann, Pacheco, Ovide, Paulo, Rudolf.
Eu a conheço, Helley de Janaúba.
Vocês são professoras. Vocês são professores.
E sua vocação é a imortalidade, serem lembrados de geração em geração, vivendo para sempre no coração e nas doces lembranças de seus alunos agradecidos. E de seus descendentes, que um dia escutarão o avô contar-lhes as histórias do momento em que suas vidas se cruzaram com uma pessoa especial: Vocês, professores.
SP, dia do Professor, 2021