Despiciendo mencionar quem é Ives Gandra da Silva Martins, não é mesmo?! Todavia, aqui, como costumeiramente faço quando me refiro a algum Confrade da Academia Cristã de Letras, tenho, pelo menos, que citar que Ives ocupa a Cadeira 23 deste conceituado sodalício, cujo Patrono é Dom Duarte Leopoldo e Silva.
Hoje, o que me leva a escrever é o fato de ter recebido mais uma obra do Confrade Ives: Eu, Cantador.
A capa, por si, é uma poesia! Um misto de produtos da terra colombiana: abacaxi, tomate de árvore, beija-flor (ave nacional da Colômbia), folhagens, onça, borboletas, coqueiro, tambor, tucano, orquídea (Na Colômbia há mais de quatro mil espécies!), choça e linda figura humana representativa do povo colombiano. Tudo isso num colorido que enche os olhos! Por aí, já dá vontade de caminhar por suas páginas.
Conheço Dr. Ives dos tempos da OABSP, quando, na gestão do Presidente D’ Urso, participava de algumas Comissões da Casa, como Comissão da Mulher Advogada; Resgate da Memória da OABSP e Relações Institucionais e Corporativas.
Sempre que o encontrava era como se o conhecesse há muito tempo. Creio que a fidalguia de Ives nos conduz a tal estado. Sempre cordial. Sua figura transmite simplicidade. Seus gestos/sorriso, tão acolhedores....
Tê-lo, pois, mais tarde, como meu Confrade na Academia Cristã de Letras, foi um presente!
Aliás, presentes, eu tenho recebido dele ao longo do tempo: suas magníficas obras que transitam desde textos biográficos/jurídicos, crônicas e, naturalmente, seus Poemas!
Dentre estes, chamam a atenção os dedicados à Ruth – sua amada e eternamente lembrada esposa -, e às filhas Regina e Ângela.
Em 1994, escreveu Diário para Regina, tendo versejado diariamente de 01/01/1994 a 31/12/1994!
São quadras, poemetos, alusivos aos seu sentir ante à família, ao seu país, ao cotidiano, à sua fé.
Às fls. 14, na primeira estrofe, seu profundo amor à esposa Ruth, levou-o à magnífica metáfora:
Teu olhar perfurou o meu sorriso.
Só quem ama, como Ives amou e, certamente, sempre amará Ruth, com essa intensidade - que lhe é peculiar -, poderia ser capaz de tal magistralidade!
Amor invejável, eu diria!
Vamos, pois, à obra que acabei de receber neste mês de outubro: Eu, Cantador.
Esta, desta feita, dedicada à filha Ângela, - Secretária das Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo -, onde, em 153 cantos ou quadras cantantes presta sua homenagem.
Como diz ele, em sua Breve Apresentação, às fls. 9:
Recebi no mês de julho um caderno de anotações com 153 páginas, cuja capa adotei para estampar este livro.
Como escrevi no caderno ofertado por Ângela, de 23/07 a 15/08, 153 quadras, resolvi dedicar-lhe esta plaqueta, tendo sempre como musa inspiradora, Ruth.
Por certo, neste novo livro, não poderia faltar a menção à amada Ruth.
Em Eu, Cantador, o Poeta Ives, canta o que lhe vai no recôndito d’alma, quando sua musa Ruth já não mais está neste Planeta Azul. (Fls. 39):
Cantador de estranhos ritos
Lembro o passado presente,
Os meus sonhos infinitos
Descortinam Ruth ausente.
É o grito angustiante da saudade a lhe “perfurar”, agora, literalmente, o coração.
Assim, seu cantar, desde o início, fls. 13, faz soar a corda do violão do tempo:
Sou um pobre cantador
Cantador de teu encanto
Foste sempre meu amor
Nunca ausente de meu canto.
Essa corda temporal, de saudade multiplicada, compõe os cânticos desse Poeta sofredor por não mais ter sua amada ao lado. Contudo, não o exime de cantar para sua família: seis filhos. Destes, duas filhas para as quais, às fls.10, consta:
“Este livreto é, portanto, a tardia equiparação de minhas duas filhas, no mundo pessoal da poesia. ”
Eu, até, chego a ouvir o gemido do violão (Fls. 11, verso) tentando acompanhar os cantares saudosos brotados do coração do esposo/pai/poeta (Fls. 44)...
Cantador de todos pais
Neste dia que é só nosso
Eu sou dos filhos o cais,
Tão seguro quanto eu posso.
Tem mais. Muito mais, nesse Eu, Cantador.
A S S I M, leiam, ou melhor, ouçam os cantares do Confrade Ives, com ouvidos d’alma.
Frances de Azevedo - Cadeira 39 da ACL - Out./2025