Em meu sonho, eu construí um laguinho em meio ao meu jardim, só para curtir – em noites de luar – a Lua refletindo a majestade de seus raios luzidios sobre a translucidez das águas e do colorido exótico das carpas nele existentes.
No céu, a dança das nuvens levadas pelos ventos criava cenários extraordinários, imagéticos, lúdicos às minhas absorções daqueles pergaminhos suspensos nas alturas. Deles despontavam, até mesmo, cenas de suspense e conflitos entre as formas que se sobrepunham uma à outra, gerando novas concepções imaginadas. E seus efeitos, conforme os movimentos, proporcionavam-me um filme em que a Lua, ora se exibia inteira em seu total plenilúnio, ora se ocultava atrás das nuvens escuras da noite, numa verdadeira dança de prazeres avivados pela mente em estado de enlevamento. E quando novamente se mostrava através dos vãos que encontrava, jorrava seus raios qual um véu de mágicas bênçãos de luz sobre aquele encantado laguinho do meu jardim.
Também do céu, mais no alto, das estrelas salpicando o infinito, ocorriam novos raios de luz que vinham se juntar aos raios do luar, tecendo teias de luzes a sonorizar aquela magia notavelmente suscitante a um esmerado acolhimento.
Mais cá embaixo, pirilampos inquietos, excitados, juntavam seu pirilampejar ao instigante fascínio do momento.
Nem dá para contar o êxtase que se aflorou em mim, envolvendo todo o meu ser... a minha alma.
Uma augusta paz de espírito gritava alegrias, regozijos, em meio ao silêncio da noite.
Tudo era festa. Tudo era luz neste meu sonho feliz. Tudo tinha o sabor de um fruto chamado felicidade... dádiva. Eu diria mesmo, uma luminar exultação aninhada num estado de bem-aventurança.
Tenho certeza de que meu bom Deus, em sua infinita bondade e sabedoria, arrumou um jeito de arrefecer meu espírito nestes tempos de tão atroz pandemia que assola a tudo e a todos. Nestes tempos em que somente a fé e o amor encontram vez em nosso peito, a dar esperanças à humanidade.
Reinaldo Bressani - Cadeira n° 15, da ACL