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Frances de Azevedo

Quem disse que as obras de arte não são formas de linguagem?!

Certamente, elas antecedem a linguagem verbal escrita, haja vista as figuras encontradas em cavernas e em outros achados arqueológicos que remontam a milhares de anos!

O cinzel, o pincel, o lápis/caneta são instrumentos da palavra, do pensamento que vão esculpindo, desenhando, escrevendo aquele algo mais que pulsa, grita, aflora, num repente, no âmago do artista, do escultor, do escritor...

Também os pés e bocas, como temos visto desde a década de cinquenta. Antes, as mãos, que se debruçavam sobre o papel, nesses tempos da era tecnológica, repousam mais nos teclados do que em tais objetos...

Ao nos depararmos com uma obra de arte, uma voz ressoa: suas linhas, cores e formas são palavras que expressam o sentimento de seu autor.

Lembro-me, muito bem, que ao assistir ao filme Nunca Deixe de Lembrar (Netflix) quando vi as telas do artista principal, senti um frêmito, uma emoção indescritível! Suas obras: verdadeira fotografia, ali estavam vivas, em toda sua pujança, sua história! Traços perfeitos, marcantes, projetando rumos exatos, remetendo aos acontecimentos de um tempo, de uma época, de um fato significativo da história de uma família, de um povo, de um país que traçou seus passos na memória!

Assim como o deficiente visual pode ler/entender/compreender com as mãos, os que enxergam perfeitamente também poderão ler, interpretar a obra do artista através de seus traços, suas linhas, suas cores; pelo que transcende a arte, pelo que vai além do que ali está, pelo voo do momento em que o autor alçou ao céu dos seus pensamentos, sentimentos, plasmando seus reais sentidos na tela! Momento único, indizível, mágico para sempre; fotografado! Não há mais espaço para retoques. Ali ela (sua obra) está perfeita, irretocável, eis que retrato puro de sua alma. É como o clique da máquina fotográfica: não há mais o que retocar. A foto foi tirada. A imagem ali está, exatamente como estava naquele exato instante!

Ênio Rodrigues da Rosa: diretor do IPC (Instituto Paranaense de Cegos) disse: Uma coisa é ver uma obra de arte, outra é ter o entendimento dela. (Grifei).

Conta-se que Michelangelo, ao terminar de esculpir a estátua de Moisés, impressionado com tamanha perfeição, exclamou: Parla! Parla!

Muitas são as expressões artísticas onde, na pintura, sobressaíram diversos pintores, tendo Pablo Picasso, assim se expressado:

A pintura nunca é prosa. É poesia que se escreve com versos de rima plástica.

Como interpretar a:

Mona Lisa de Leonardo Da Vinci (1503: início da obra); Decapitação de João Batista de Caravaggio (1608); A Ronda Noturna de Rembrandt (1639/1642);

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As Meninas de Diego Velásquez (1656); Os Fuzilamentos de Três de Maio de 1808 de Francisco de Goya; Sol Nascente de Claude Monet (1872);

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Os Comedores de Batatas de Vincent Van Gogh (1885); O Grito de Edvard Munch (1893); O Almoço dos Barqueiros de Pierre August Renoir (1881);

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Guernica de Pablo Picasso (1937);

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Os Retirantes de Cândido Portinari (1944): Pintor brasileiro nascido em Brodowski, interior de São Paulo; Abaporu de Tarsila do Amaral (1928), Pintora brasileira, modernista. Sinfonia Colorida de Anita Malfatti - Artista brasileira "Mãe" do Movimento Modernista brasileiro.

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Cada uma delas narra/escreve detalhadamente cada momento, cada fato histórico ou não, com uma precisão cirúrgica incrível!

E tantas outras obras pictóricas – para não falar das outras expressões de arte – nas quais, os traços, coloridos ou não, são palavras escritas que saltam aos olhos, marcando a cada passo seu momento na história!

Findo este, ressaltando que o fiz em homenagem à minha afilhada na Academia Cristã de Letras, a artista plástica: Cristiane Carbone, cuja posse se deu aos 15 de dezembro de 2021, Cadeira 16, Patrono: Coelho Neto (Membro Remido: Adilson Cezar), a qual vem nos encantando e surpreendendo com a sua arte: óleo sobre tela, onde, com seus pincéis, vem retratando/reescrevendo o Civismo Brasileiro e expondo em importantes espaços de nossa cidade (São Paulo), como o Tribunal de Justiça, Catedral da Sé, IHGSP, Palácio do Governo, Círculo Militar, entre outros. Suas obras fazem parte de acervos importantes do nosso país e fora deste.

Salve! Salve, pois, a linguagem artística!

 

Frances de Azevedo - Cadeira 39 de ACL