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  • Fonte: José Verdasca

Escrevi um artigo, em março de 2016, para o boletim “O Verbo”, da Ordem Nacional dos Escritores e me surpreendi ao revê-lo recentemente, que o texto permanece atual, após quase uma década.

Acompanhem a leitura abaixo e constatem.

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Nossa ainda República Federativa do Brasil deve ser constitucionalmente governada pelos três poderes da República, de acordo cada um deles com suas atribuições, para dividir entre si as altas tarefas,  funções e responsabilidades inerentes ao exemplar funcionamento da Nação, a uma equilibrada legislação aprovada pelo Congresso e à irretocável atuação dos membros do Poder Judiciário, primeira e  última instituição, responsável pelo cumprimento das leis que tornam iguais todos os cidadãos, através da exemplar punição dos prevaricadores e pelo rigoroso respeito aos direitos e deveres de todos, independentemente da idade e condição social, etnia, passado ou titularidade.

Nunca, neste país, se viveu tão grave crise institucional em virtude da corrupção, da contestação entre os poderes e da instabilidade do legislativo e do que se espera do Poder Judiciário. Precisamos de equilíbrio forte, estável, respeitável, idôneo, responsável, profissional e honrado para que corajosamente, decididamente e firmemente assumam suas reais funções que deveriam estar voltadas e tão somente ao interesse público, à manutenção do Estado Democrático, à dignidade própria e da Nação. Igualdade de todos perante a lei, submissão à lei e sua aplicação sem exceção a todos os cidadãos, tendo apenas em vista o bem comum.

As instituições são compostas, dirigidas e por vezes destruídas porque, como se diz, a carne é fraca, a mente é falível, a vaidade é cega, a ambição é desmedida, a fome de poder é insaciável e a tentação, face à fama, ao luxo, ao prazer, ao alheio, à gula, à ostentação, à ribalta, são incontroláveis aos fracos de personalidade, aos pobres de espírito, pelos avessos à dignidade, pelos inimigos da honestidade, pelos adeptos da irresponsabilidade e por todos quantos - escravos de si mesmos – que irracionalmente se julgam na condição de desfrutar apenas de seus direitos, atribuindo somente aos outros os seus próprios deveres. Seria como se o direito não dependesse do absoluto total e rigoroso cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos cidadãos.

Vive o povo brasileiro momentos de angústia jamais sentidos, tempos de insegurança antes não imaginados, horas de desencanto e desilusão com os seus eleitos, dias de carência e sofrimento acima de sua capacidade de resistência. Fatores, sensações e sentimentos que podem afetar o equilíbrio psicológico e a estabilidade emocional dos seres humanos que, por vezes, passam a agir impulsivamente, instintivamente, irracionalmente e até criminosamente, ao jeito e modo dos modernos e cruéis terroristas, à maneira dos invasores de lares e assassinos de inocentes, agindo à imagem e semelhança dos “justiceiros” cruéis de nações e pessoas inocentes, das quais tem ódio feroz, mas injustificado, inveja mórbida sem razão, rancor assassino sem motivo.

É nesta hora de incertezas e instabilidade, de condenação e repúdio, de irresponsabilidade e corrupção de injustiças, abusos de incontinência e descontrole que pessoas ou grupos se recusam a cumprir a lei, abandonar privilégios abusivos, injustos, e indevidos com a ameaça de recorrer aos militantes e “exércitos” de seus apaniguados para mantê-los no poder. A esmagadora maioria da Nação, sadia, honesta, trabalhadora e responsável tem os olhos postos nos três poderes dos quais se esperam decisões, atitudes e atos condizentes com a sua tradição, sua honorabilidade, suas competências e responsabilidades.