A história da emancipação feminina começa na data 8 de março, em 1857. Mulheres operárias de uma fábrica de tecidos em Nova York, iniciam uma série de manifestações na busca de diminuir a extenuante jornada de trabalho e sobre elas há violenta repressão.
Trancafiadas em uma das dependências da fábrica, acabam vítimas de um incêndio considerado criminoso e 130 tecelãs morrem carbonizadas. A ação desumana abala a sociedade civil e repercute mundialmente.
Desde então, a data 8 de março passa a ser lembrada para a reflexão das condições enfrentadas pelas mulheres em seu cotidiano, seja no mercado de trabalho, nas relações sociais e com seus familiares.
No Brasil o papel da mulher durante séculos foi sempre o da submissão, tanto que em 1916 surge uma legislação para tratar do assunto, mas ainda assim de cunho patriarcal.
O “Estatuto da Mulher Casada”, estabelece direitos às esposas abandonadas pelos maridos, mas às solteiras, entretanto, o tratamento jurídico é outro.
A luta pelos direitos da mulher só ganha força efetiva, a partir de 1963 e ainda assim, nos Estados Unidos, quando a militante feminista Betty Friedan (1921-2006), publica seu best-seller “A Mística Feminina”.
Na obra ela sugere igualdade de direitos entre mulheres e homens, especialmente no mercado de trabalho e lança críticas à postura passiva de boa parte das mulheres de sua época.
As tradições pregavam que o trabalho da mulher, especialmente daquela que fosse casada, estivesse voltado unicamente às prendas domésticas e ao comportamento servil.
Betty Friedan combate essa postura e lança questionamentos a respeito do assédio sexual sofrido no mercado de trabalho por boa parte das solteiras.
Em 7 de setembro de 1968, um evento de protesto reune cerca de 400 ativistas do Movimento de Liberação da Mulher, em Atlantic City, cujo nome em inglês “Bra-Burning” é traduzido pela imprensa brasileira como “Queima de Sutiãs.”
Na verdade, nada é queimado naquele dia, há sim uma manifestação de mulheres contrárias ao concurso para a escolha da Miss Estados Unidos.
As manifestantes entendem que a escolha da americana “mais bonitinha”, é também uma forma de opressão à mulher, tratada como objeto.
As manifestantes colocam em frente ao teatro onde se realiza o concurso sutiãs, sapatos de salto alto, cílios postiços, sprays de laquê, maquiagens, revistas de moda, espartilhos, cintas e outros itens femininos.
Alguém sugere que coloquem fogo em tudo, mas nada é queimado naquele dia. Depois, com a repercussão, aí sim sutiãs foram queimados em vários cantos do mundo.
Daí em diante, outras reações surgem e algumas mulheres partem para o confronto de ideias para combater o machismo excessivo de certos homens.
Em 1975, a Organização das Nações Unidas - ONU, oficializa o 8 de março como Dia Internacional da Mulher, no sentido de diminuir a violência nos lares e no trabalho.
Agora em pleno século 21, as mulheres brasileiras ainda lutam por mais respeito, mesmo com a existência de leis de proteção como a “Maria da Penha”, entre outras.
Existe, porém, um outro lado de realce ao posicionamento da mulher atual em relação a si mesma: “Feministas sim, sem deixar de ser feminina”.
O batom, o salto alto e a maquiagem seguem na moda para que as mulheres se sintam como elas sempre foram: “Encantadoras!”
Geraldo Nunes, jornalista e escritor, é titular da cadeira 27 da Academia Cristã de Letras - ACL