Ruy Altenfelder - Nos regimes democráticos a informação correta e ética tem papel relevante. As mídias contribuem para o acolhimento e difusão de programas que ajudam a formação da cidadania.
Há 19 anos, incentivado por amigos, dentre eles os saudosos Mario Amato, Otávio Frias, Antônio Ermírio de Moraes e Lemos Britto, resolvi desenvolver um projeto visando transferir ao cidadão informações sobre as mais diversas áreas do conhecimento. Assim, nasceu o programa de TV e mais tarde Internet – Diálogo Nacional.
O primeiro entrevistado foi o então candidato vitorioso para a presidência da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, Horácio Lafer Piva, hoje líder empresarial e membro do Conselho do Conselho de Administração da Klabin.
Todas as semanas, um tema relevante e uma personalidade conhecedora do mesmo participava do Diálogo Nacional, veiculado pelas televisões comunitárias e com apoio cultural de empresas e instituições que entenderam o objetivo do projeto e contribuíram para cobrir suas despesas como veiculação, gravação, distribuição, tributos, dentre outras.
O convidado do último programa foi o Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Com uma pequena equipe de guerreiros conseguimos manter os quase 1000 (hum mil) programas durante 19 anos!
Mas, a perversa conjuntura atingiu a economia e consequentemente nossos apoiadores. As parcerias foram minguando e obrigando-nos a tomar uma sentida e inexorável decisão: suspender a produção e veiculação do Diálogo Nacional.
Foi com lágrima nos olhos, mas com madura reflexão que tomamos a decisão.
O Diálogo Nacional contribuiu para tornar mais conhecidos os diversos setores da indústria, do comércio, da agricultura, dos serviços em geral. Lideranças comunitárias (políticas, empresariais, sindicais, religiosas além de profissionais consagrados da medicina, odontologia, engenharia, direito, economia, organizações sociais, magistério, ciências em geral e outras áreas do conhecimento) apresentaram aspectos relevantes das áreas que participam e desconhecidos do público em geral, permitindo ganhos de conhecimento aos milhares de assistentes do programa.
Os telespectadores e internautas que prestigiaram e participaram do Diálogo Nacional, quer na televisão ou internet cresceram em progressão geométrica, notadamente os jovens que interagiram propondo questões aos entrevistados através da internet e sugerindo pautas, destacando-se o interesse pelos temas relacionados com a ética na política, a empregabilidade e as ciências da computação.
Vou continuar participando com entusiasmo nas Academias Paulista de Letras Jurídicas, Cristã de Letras e Paulista de História; nas Fundações Péter Muranyi e Nuce e Miguel Reale; nos Conselhos Superiores de Estudos Avançados da FIESP e da FECOMERCIO e repercutindo para o público através das mídias, notadamente o Correio Braziliense, os temas que ajudam a formar a opinião pública com os padrões de equilíbrio, coragem e ética.
A suspensão do Diálogo Nacional traz um alerta: programas institucionais, formadores de opinião pública deveriam merecer das agências de propaganda, das empresas e instituições em geral, maior atenção e parcerias.
A formação da opinião pública, nos regimes democráticos, é fator relevante para a maturidade de um povo.
Crédito: (Correio Braziliense, 21/06/2017)