Lázaro José Piunti
No sábado nublado, tarde fria, minha família e eu, confortados pelos amigos, acompanhamos o sepultamento de JOÃO PIUNTI.
Seu corpo repousa agora na quadra Pentecostes, cemitério de Itu. Registro, como gesto de gratidão, um pouco da vida deste irmão amado.
Mas, é necessário antes relembrar que a nossa família - doze irmãos, entre os quais sou caçula- se fez na humildade dos meus pais, vivendo na roça a pobreza satisfeita.
Os irmãos se casavam, partiam para construir suas vidas e o João, braço direito e esquerdo do meu pai Domingos, retardava seu destino. Ele permaneceu, por vários anos, no lar paterno, para servir. Movido pela bondade, João auxiliava o pai, na dureza do cotidiano. Empunhava a enxada capinando o mato e brandia o machado aparando galhos secos; lavrava o solo árido para o plantio das sementes e colhia, no tempo de Deus, os frutos do trabalho árduo.
Ele, com o meu pai, cuidava da alimentação dos porcos; transportava o capim para nutrir o burro e manejava a carroça carregando os grãos. Dona Carolina, nossa mãe, dizia que o João era muito inteligente na escola e até a professora lamentou, concluído o primário, não pudesse ele seguir estudando. Seus braços eram necessários para ajudar o pai na faina pesada do labor rural. Só mais tarde esse irmão de espírito samaritano foi construir sua vida e escrever sua história.
Casou-se e viveu em Tatuí, até este 26 de agosto de 2023, quando, aos 93 anos, foi chamado pelo SENHOR para a seara divina! Uma vida simples, marcada pelo sorriso otimista, nos gestos anônimos da caridade e complacência. Joao, meu irmão, não ostentava títulos acadêmicos. Mas, os irmãos devem a ele suas conquistas. João se sacrificou pela família!
Assim, nesta oportunidade, com poucas palavras e texto reduzido, fazemos nossa homenagem a um herói. João, sem ser professor, foi mestre; sem diplomação superior, foi catedrático. Porque, mais que todos nós, ele soube amar. Ao próximo como a si mesmo. Nosso reconhecimento, querido irmão, pelo bem que fez.
A nossa saudade não é triste!
Sabemos, pela Fé que nos anima que Você agora vive nos braços do Criador, ao lado de nossos pais e irmãos que nos antecederam. Cabe, como epílogo, a lembrança da frase lapidar do saudoso Papa Joao XXIII: “Nasci e vivi numa pobreza satisfeita”! Não por acaso, ambos batizados na Fé com o mesmo nome: JOÃO!