As iniciais de Homem Bom casam-se com o nome e sobrenome de um brasileiro decente. São as iniciais de Hélio Bicudo, o Procurador de Justiça corajoso, puro de alma e coração valente. Homem Bom = Hélio Bicudo!
Conheci-o pessoalmente em 1978. E ganhei dele, autografado, seu portentoso livro “O Esquadrão da Morte”. Relíquia da História do País nem sempre relatada com seriedade. Nascido em 5/7/1922 na graciosa Mogi das Cruzes, Hélio Pereira Bicudo ingressou no Ministério Público por concurso. Marcou a carreira na Justiça paulista e brasileira pela decência, integridade, princípios éticos e, sobretudo, coragem no cumprimento da Lei. Democrata convicto, cristão autêntico, voz poderosa em defesa dos Valores da Cidadania, ao tempo em que os humanos tinham seus direitos destruídos pela ação de corruptos instalados em postos oficiais da Sociedade. O famigerado “Esquadrão da Morte”, cujo berço foi o infeliz Estado do Rio de Janeiro, ganhou ímpeto sob a liderança de maus policiais. “Lírio Branco” e Mariel Mariscot, entre outros. Sanguinários, protegiam chefões de pontos do jogo do bicho, prostituição e tráfico de drogas. O grupo paramilitar estendeu seus tentáculos até São Paulo e o delegado Sérgio Paranhos Fleury foi o líder maior. Atuando fora da Lei, o “Esquadrão da Morte”, na calada da noite, recrutava bandidos perigosos nas cadeias e os empregava em roubos e assaltos, devolvendo-os depois ao interior das celas. Para confundir a opinião pública, o “Esquadrão da Morte” matava outros bandidos, soltos ou supostamente “foragidos dos presídios” e seus corpos eram desovados nas valas das rodovias. Na Castelo Branco era comum a visão macabra dos “presuntos”; corpos mutilados com bilhetinhos justiceiros. E havia quem, por ignorância ou má fé, aplaudisse as ações de sangue e sem julgamento. Hélio Bicudo insurgiu-se contra a violência institucionalizada. Prestou enorme serviço à Democracia denunciando, processando e expulsando bandidos dos altos escalões da Segurança Pública. Com risco da própria vida ajudou à gloriosa Polícia Militar e a honrada Polícia Civil na reparação de sua imagem. Devolveu-lhes o rosto limpo! Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores em 1980. Enojado, saiu em 2005, ante o “Escândalo do Mensalão” e a decepção com Lula, pois ao adverti-lo do paternalismo do Bolsa Família ouviu a frase cínica: “ a gente ganha milhões de votos”!
A morte do doutor Hélio Bicudo faz o Brasil mais pobre!
Lázaro Piunti –