Douglas Michalany pesquisou o rosto e a figura de Jesus Cristo através dos séculos
Não existe em nenhum dos livros bíblicos, nem mesmo nos quatro evangelhos uma definição exata de como era o rosto de Jesus Cristo. Este assunto sempre desperta curiosidades e abre polêmicas.
Em 2015, tendo por base o crânio de um homem judeu que morou em Israel no século 1, foi feita uma reconstituição do rosto mais provável ao que teria sido o de Jesus Cristo.
Com o uso de computadores, cientistas mostraram a figura de um homem moreno de cabelo e barbas crespas e escuras.
Os arqueólogos e legistas forenses responsáveis pela pesquisa realizada nos EUA, descartaram a possibilidade de Jesus ter o rosto de feições europeias como retratam os pintores renascentistas.
“Numa condição rude, como vivia o povo há mais de 2000 anos, seria impossível ter a pele tão clara morando no deserto”, foi esta a definição dos pesquisadores.
Na ocasião entrei em contato com o nosso saudoso, Douglas Michalany, um estudioso das pinturas sacras de quem fui confrade também na Academia Paulista de História – APH. Ele faleceu em março último aos 102 anos.
Em sua vida longeva, lançou diversos livros entre os quais, em 2012, “A Figura de Jesus Cristo Através dos Séculos”, ilustrado com pinturas e quadros religiosos pesquisados por ele em igrejas da Europa.
Durante nossa conversa, ele não demostrou discordância em relação ao estudo realizado pelos cientistas americanos e acrescentou, que na Idade Média, as obras de arte de fato, retratavam um Cristo de rosto mais austero e rude.
Nos explicou também que as feições angelicais e suaves que nos acostumamos a ver começaram a surgir durante o período histórico do Renascimento.
Artistas como Rafael Sanzio, cuja pintura da Transfiguração aparece acima, além de Michelângelo e Leonardo Da Vinci deram a Jesus Cristo um aspecto mais belo aos nossos olhos.
Apesar de entender do assunto, Douglas Michalany preferiu não definir qual seria a feição mais apropriada para o verdadeiro rosto de Cristo.
A conclusão, segundo ele, caberá sempre a cada um: “O tema envolve a fé e nesse aspecto entendo que o mais importante, é acreditar que de fato Jesus existiu como figura humana e habitou entre nós”, definiu.
Em 2020, uma releitura da Santa Ceia apresentou um Jesus negro, cuja pintura assinada pela artista plástica Lorna May Wadsworth, foi instalada na catedral anglicana de St. Albans, no Reino Unido.
A obra levantou polêmica por ter sido colocada em apoio ao movimento “Vidas Negras Importam”, surgido a partir da morte por asfixia de George Floyd, vítima de um policial nos Estados Unidos.