22 de abril: Cheio de contradições. Brasil segue repleto de desigualdades, sem jamais perder a esperança.
Desde o descobrimento, há 523 anos, o Brasil segue do jeito que sempre foi, rico em belezas naturais e biodiversidade, mas repleto de intrigas e mazelas de ordem material e espiritual.
O Brasil é um país repleto de pessoas medíocres e violentas, capazes de cometer qualquer tipo de crime para se dar bem, obter dinheiro às custas dos outros, ou simplesmente ganhar notoriedade.
Não faltam também habitantes com carências de todos os tipos, cuja origem está ligada aos problemas estruturais de difícil solução aqui existentes.
Até quando será assim? Só Deus sabe, mas o povo desta terra também é resiliente, capaz sorrir diante das adversidades. Temos o samba e o carnaval. O Brasil não se explica, se sente.
A marca registrada do nosso país no exterior ainda é o futebol, mesmo com os fracassos das últimas copas. Quando a seleção brasileira entra em campo o mundo para diante de alguma tela para assistir.
Nosso time é multirracial, temos jogadores negros, brancos, morenos, loiros, mulatos, mestiços. Nenhum outro país é assim, tão diversificado em seus modos e jeito de ser quanto o nosso.
Somos a quinta maior nação do mundo em extensão territorial e população, nossas proporções continentais oferecem belezas naturais a quem nos visita e a língua portuguesa é a oitava mais falada no mundo, graças ao Brasil.
Temos virtudes e defeitos; quem mora aqui sabe dos nossos erros de conduta, corrupção, justiça falha e violência, causada em grande parte pelo conformismo ou oportunismo das autoridades.
Neste país existe um poder paralelo exercido por integrantes de facções criminosas e narcotraficantes e mais recentemente, extremistas saíram do armário para fazer discursos ódio divulgados nas redes sociais.
A miséria brasileira se escancara nas ruas de nossas grandes cidades, ao mesmo tempo em que a classe média coloca seus pais idosos nos asilos e as crianças nas creches para depois desfilar nas calçadas dos bairros e exibir seus cães de estimação.
A palavra ‘Brasil’ é repleta de significados e muito mais antiga que o nome da árvore de madeira cor de brasa, usada para colorir as roupas dos europeus do século 16.
Em “A Viagem do Descobrimento”, Eduardo Bueno cita uma ilha mitológica, descrita por São Brandão, navegador irlandês do ano 565 da era cristã. Diz o autor que este santo, “saiu mar adentro em busca de um lugar sem males ao qual batizou de 'Hy Brazil, a Terra da Bem-Aventurança'”.
Outras versões apontam que a palavra Brazil, assim mesmo com “z”, provém do celta “bress”, origem do inglês bless – que quer dizer abençoar.
Na Europa do século 16, passou a se comentar após as cartas de Américo Vespúcio, cujo nome batiza os novos continentes, que as terras descobertas se assemelhavam ao paraíso de Adão e Eva, descrito no Gênesis. “Nas novas terras as pessoas andam nuas e despreocupadas, se alimentam dos frutos que natureza lhes oferece, sem precisar plantar ou colher”, escreveu o desbravador.
Tamanho alvoroço causou as cartas de Vespúcio que a Inquisição propôs a vinda dos jesuítas com o propósito de “catequizar aquele povo pecador”.
“O Brasil nasceu dançando”, afirma o antropólogo Antônio Risério. Em uma de suas obras, exprime: “Não à toa, quando os portugueses chegaram no local que se tornaria o Brasil futuramente, os índios, ao invés de atacarem, recepcionaram os desbravadores com uma dança”.
O próprio Pero Vaz de Caminha em sua carta ao rei de Portugal descreve os habitantes do Brasil de 1500, “...andam nus, sem cobertura alguma, nem fazem caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas...acerca disso são de grande inocência...”
Tais definições vão de encontro à obra mediúnica de Chico Xavier com a assinatura de Humberto de Campos, “Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”.
No livro é explicado que Deus reservou a este país uma população de espíritos em primeira passagem neste mundo, ainda pouco lapidados, cuja formação se deu pela união de três raças sofridas.
“Somos a miscigenação do branco injustiçado, pois muitos dos portugueses que para cá vieram, banidos do seu país, eram na maior parte inocentes, não mereciam aquela punição; assim como o negro escravizado e o índio, em seu primário estágio evolutivo...”
Do branco degredado herdamos a inquietação diante da injustiça; do negro escravizado aceitamos a submissão, a dor e o sofrimento. Do índio guardamos o espírito nômade, em certos momentos arredio.
O porquê de tudo isso? A resposta de Humberto de Campos é muito simples; “nada ensina mais a amar e a perdoar do que a dor e o sofrimento.”
Esses pareceres ajudam em parte explicar o Brasil, embora existam outros fatores que merecem análise científica mais apurada e precisa.
Se for assim, a fé e o romantismo que tão bem caracterizam o povo brasileiro, precisarão ficar de lado.
Nossa tentativa nessa breve postagem, foi a de explicar em curtas palavras como é o nosso Brasil pelo ponto de vista daquilo que observamos no dia a dia, sem entrar nas desagradáveis discussões políticas ou religiosas.
Tratamos aqui tão somente de observações, não sou sociólogo, nem antropólogo, sou cidadão brasileiro e já passei dos 60.
A experiência de vida hoje me serve de alicerce para expressar um pouco do que vivi de certo e de errado e do que aprendi neste país de muitos erros e poucos acertos.
Feliz Aniversário, Brasil – zil – zil...
Fontes: Bueno, Eduardo/A Viagem do Descobrimento/Coleção Nova Brasilis - Volume I/ 1998
Fontana, Riccardo/O Paraíso Terrestre de Américo Vespúcio/Editora Paralelo - 15/2001
Risério, Antonio/A utopia brasileira e os movimentos negros/Editora 34/2007
Xavier, Francisco Cândido/Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho/Editora FEB/Ed. 2004