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Dulce Sales Cunha Braga 

Minha antecessora, na cadeira nº 17 da Academia Cristã de letras, nasceu no dia 20 de abril de 1924, na cidade de São José do Rio Preto, sendo seus pais, Feliciano Sales Cunha e Maria Paternost Sales.

Dulce Sales Cunha Braga foi aquinhoada com dotes de inteligência e rara beleza e pertencia a uma família de políticos.dulce 53283

Dulce formou-se em línguas neolatinas, pedagogia e direito, tendo lecionado no curso de línguas da Faculdade Sedes Sapientiae de São Paulo, entre os anos de 1943 e 1950.

Também lecionou literatura brasileira, e era fluente em várias línguas como francês, italiano, inglês e espanhol.

sua personalidade era exuberante, e como professora, procurava sempre transmitir otimismo aos seus alunos.

Ela estudou canto lírico com o maestro Camargo Guarnieri, o que lhe proporcionou apresentar-se no Teatro Municipal de São Paulo em concertos de música clássica.

Sua maior paixão, entretanto, foi a política, tendo sido vereadora, tal como seu pai, além de eleger--se deputada estadual, no período compreendido entre 1967 e 1979.

Como parlamentar Dulce sempre defendeu ideias voltadas para a área educacional, tendo sido uma das responsáveis pela implantação do Mobral e do projeto minerva, educação pelo rádio.

Além disso, também foi dela o projeto de lei que resultou no restabelecimento de eleições diretas para governador, e naquele que criou o Condephaat.

Um fato relevante foi o de ter sido a primeira mulher a ocupar o cargo de senadora por são paulo, substituindo o titular Amaral Furlan, que então se afastara.

Sua carreira política desenvolveu-se por três décadas ininterruptamente, e em todos os cargos que ocupou defendeu ideias cristãs.

Ela foi casada com o médico Antonio Roberto Alves Braga, que foi da direção do PL.

Dulce também foi escritora diligente, deixando importantes obras como “Vida e obra de Paulo Setúbal”, “A forma poética de Camões a Guilherme de Almeida”, e “Autores Contemporâneos”.

Entre seus inúmeros dons, como vimos, não poderia faltar o da poesia, e dela são estes expressivos versos:

“Ser feliz é sorrir ao tudo ou nada,

Ser feliz é agradecer todo dia,

Ser feliz é não ter a mão vazia,

Ser feliz é ter prazer nesta jornada “

Não bastasse tudo isso, ela também gravou um CD de músicas populares, com canções de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, pela gravadora Chantecler, denominado “Personalidade “.

Além de pertencer à nossa academia, Dulce pertenceu a várias outras entidades congêneres, como Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil,

União Cívica Feminina e Associação Comercial de São Paulo.

Na televisão ela teve a oportunidade de atuar na TV Excelsior, nos anos de 1960 e 1961, e na sequência foi contratada pela TVRecord para apresentar programa idêntico, como apresentadora.

Na TV Globo substituiu Hebe Camargo no programa “O mundo é das mulheres “, entrevistando personalidades.

Verifica-se, portanto, que vida de Dulce foi muito rica, quer do ponto de vista artístico ou literário, dela podendo ser dito que foi uma mulher plenamente realizada nos vários ramos em que atuou, mostrando-se uma brasileira vibrante, que lutou em prol de uma sociedade mais justa e digna.

O querido e saudoso poeta Paulo Bomfim a ela dedicou estes versos, no ano de 1982, quando Dulce recebeu o título de Mulher do Ano, com os quais encerrom este pronunciamento, pois expressam com bastante fidelidade o espírito dessa mulher brilhante:

“Na magia deste encontro,

Nos arrepios de abril,

No azul das manhãs paulistas,

No amor às nossas raízes,

Nos convites do futuro,

Nas lembranças do passado,

Na inquietude do presente,

Na fibra do nosso povo,

Na fé em nossa bandeira,

Nos sonhos que são vividos,

Nas lutas que são lutadas,

Nas vozes de nossa terra,

Nos ideais de nossa história,

Nos amigos aqui reunidos, num dulçor dulcificante,

Dulce Sales Cunha Braga!