Esta homenagem ao Adolfo Lemes Gilioli feita por Frances de Azevedo aconteceu no dia 20 de abril de 2021 na "1ª Tertúlia da Saudade"
Adolfo Lemes Gilioli
Adolfo: significa “lobo nobre” da linhagem de guerreiros nobres. Tem origem no germânico Athalwolf, Adalwolf, formado pela união dos elementos athala, que significa “nobre” e ”Wolf” que quer dizer lobo.
Lemes: De origem portuguesa e espanhola. Não é um nome comum. Foi resgatado em Minas Gerais. Significa “nossa”. Pessoas que tem grande capacidade intelectual. Ser otimista. Cheio de Vitalidade. Dar conselhos às pessoas.
Gilioli: Italianíssimo. Vêneto.
Temos, pois, três países a compor o nome do nosso pequeno/grande GILIOLI!
Pequeno na estatura, porém, GRANDE, MUITO GRANDE, na inteligência, bondade, humanidade!
Eu poderia, aqui, detalhar seu extenso e magnífico currículo, o qual, obviamente, mais adiante citarei, MAS prefiro ressaltar seu espirito humano e humanitário, sua grandeza de alma.
Em seu livro Lins, Terra Querida, A Trajetória de um Ialense, sobressai, desde tenra infância, esse seu lado humanístico, ético, nobre, eivado de dignidade, que o envolveu sempre, fazendo com que, ao chegar, fosse aonde fosse, os olhares se voltassem para ele.
Certamente, esse seu magnetismo natural, puro, sincero, era fruto de tais qualidades cultivadas desde a infância.
Lembro aqui, sua própria citação, na aludida obra, às fls. 22: “foi ali, exatamente naquele momento, que brotou em mim o desejo de ser um grande homem.”
O momento a que ele se refere foi a formação piramidal humana de alunos de 1934, do IAL (Instituto Americano de Lins), onde, ele, com certeza, está bem lá no topo!
Esse seu desejo tornou-se realidade, graças a sua força de vontade, muito estudo e, obviamente, qualidades morais!
Também, a seguinte citação, às fls. 11: Lins, Terra Querida, (Minha Quase Irmã Gêmea), chama a atenção pela amorosa metáfora!
Por que faço menção a essa obra especificamente?
Exatamente, porque nela vislumbro, a todo tempo, esse modo de ser e estar de Gilioli. O livro nos aproxima do autor, realça suas qualidades em todas as dimensões!
Ao iniciar panegírico à sua cidade natal, Gilioli assim escreveu:
Gostaria de possuir a arte do poeta para tecer versos e cantigas em homenagem à minha querida Lins, tão grande é o afeto que inunda meu coração por essa terra que me viu nascer.
Em outro trecho, às fls. 16, seu espirito de profunda gratidão ao IAL - Instituto Americano de Lins - é manifestado:
O período que ali estudei – de 1928 a 1937 – foi marcante e decisivo para as escolhas que fiz e os princípios pelos quais lutei por toda minha vida posterior.
Amante das artes!
Na referida obra: Lins Terra Querida, A trajetória de um Ialense, sobressai belas pinturas de Claude Monet, Gustav Klimt.
Assim, era nosso querido Gilioli. Sempre generoso querendo abraçar tudo e todos. Aliás, GENTILEZA é também seu sobrenome.
Era homem dos discursos. Muitos foram proferidos, onde a tônica era o elogio, a gratidão, o reconhecimento... Palavras pungentes de engrandecimento, de elevação, de dignificação do ser humano!
Podemos desfrutar desse seu lado como orador e professor, em sua célebre obra: ACADEMIAS E DISCURSOS DE ACADÊMICOS, da Editora Martin Claret, 2001.
Poderia ficar aqui, por horas e horas, expondo fatos e mais fatos sobre a personalidade, as qualidades morais, de nosso saudoso Confrade Gilioli, mas o tempo é curto e aqueles são muitos!
Adolfo Lemes Gilioli foi o terceiro ocupante da Cadeira 5, de nosso sodalício, tendo como Patrono Vicente de Carvalho, cuja obra Poemas e Canções, de 1908, foi prefaciada por nada mais, nada menos, do que Euclides da Cunha!
Gilioli foi o 13º presidente de nossa Academia, por dois mandatos, de 2002 a 2005, quando transmitiu o cargo a Paulo Nathanael de Souza, em 27/03/2006. Hoje ele é Presidente Emérito!
Eu entrei em 2007. Ele faleceu em 17 de Outubro de 2012. Como já o conhecia anteriormente, tive o privilégio de sua convivência por mais de oito anos!
O tempo aqui é o que menos importa, pois, um segundo com ele valia uma vida inteira!
Faço questão de relatar aqui como se deu o estreitamento de nossos laços de amizade: Foi num evento de nosso confrade João Monteiro de Barros Filho, Cadeira 27 da ACL, num programa da Rede Vida, onde, à época este era presidente e, hoje, é comandada por seu neto João Monteiro Barros Neto.
Nesse dia, iria ao ar, uma programação e... Faltou uma pessoa. Nem preciso dizer que Gilioli, num assomo de sua generosidade, me convidou a substituir aquela! Assim, nossa amizade, que mal começara, foi firmada. E nem preciso dizer que foi ele quem me convidou a adentrar este sodalício que tantas alegrias me vêm proporcionando desde então.
Quando ele se foi – e desse triste episódio me recordo muito bem -, pois, foi durante uma de nossas reuniões, as quais, ele SEMPRE comparecia, eis que se dedicava de corpo e alma a tudo quanto se propunha a fazer, fui instada pela esposa de nosso confrade Douglas Michalany, a Siylvia, sobre a demora do retorno de Gilioli que tinha ido ao toilette. Lá fui eu. Bati, bati várias vezes na porta. Nenhum sinal...
Despiciendo citar que após a retirada da porta pelos funcionários do CIEE, eis que nossas reuniões eram realizadas num dos prédios, o mesmo foi encontrado sem vida, recostado à parede...
Na oportunidade, escrevi o seguinte panegírico:
PARA ADOLFO LEMES GILIOLI - IN MEMORIAM -
Não poderia ser outra a passagem de nosso mestre, amigo, intelectual de escol: Adolfo Lemes Gilioli, mais conhecido por GILIOLI. Mestre da conciliação, do entendimento, apaziguador dos conflitos. Sempre com a palavra exata buscando resolver diplomaticamente as questões. Aliás, quaisquer questões. Farol que espargia luz verdadeira, translúcida, vez que brotava do âmago do seu ser. O sorriso indefectível que o acompanhava era o portal que conduzia ao caminho da tranquilidade, da sabedoria.
Partiu para a Academia Maior: o Reino Celestial!
Partiu de sua Academia, - a sua Academia Cristã de Letras – que amava, respeitava, adorava. A ACL era a sua vida. Era sempre o primeiro a chegar às reuniões.
Assim, na reunião do DIA 16 DE OUTUBRO DE 2012, deixou a sala, mansamente, e lá, em silêncio, sem fazer alarde se debruçou nos braços do Senhor da vida...
Amigo, sim, eu que o diga: nossas costumeiras conversas, nossos slogans particulares eivados de bom humor. Jamais eu o vi triste ou aborrecido com alguma coisa. Tinha a sabedoria de quem muito viveu e aprendeu com a vida. Naturalmente, que o teor de nossos diálogos se cingia em sua mor parte em torno da Academia Cristã de Letras. E nem poderia ser diferente, vez que o autor pugnava por seguir o que grafou na escrita:
Cristã de Letras... Por quê? Porque o pugilo de intelectuais que conceberam a criação da Academia, todos cristãos, independentemente da religião cristã específica que professavam, tiveram em mente a aproximação e o convívio entre pessoas de bem, unidas não só em virtude do interesse comum pelas belas-letras nas suas múltiplas modalidades de ficção e não-ficção, mas por laços espirituais, valores, convicções e normas que estão no cerne do cristianismo desde as origens deste. Um cristianismo que se traduz por fé, amor ao próximo, tolerância, humildade, caridade, respeito profundo em relação a tudo que é humano, respeito à santidade da vida em todas as suas manifestações. (pág. 25 de sua obra: Academia e Discursos de Acadêmicos). (g.n.)
Por igual era o seu empenho e desempenho junto à ALL – Academia Linense de Letras que fundou em sua cidade, em 2010, onde o símbolo proposto pelo mesmo bem diz de suas convicções e conduta.
Esta a bandeira que empunhou em toda sua jornada: desde o recesso do seu lar, junto à família, que era o seu esteio, até as inúmeras entidades que pertenceu (de algumas foi o fundador). Inovando sempre! Acrescentando, fazendo diferença para melhor, com certeza!
G Gente, ser humano verdadeiro
I Intelectual de escol
L Labutou pelo amor fraternal
I Inovando por onde passava
O Orvalho profundo
L Linense de nascença
I Impossível olvidá-lo!
Frances de Azevedo - Cadeira 39 ACL
Cadeira 08 da ALL (Membro Remido)